sexta-feira, 8 de junho de 2012

O CLIO


Texto por RPH.
Fotos por RPH, exceto quando citada a fonte.

Foi em 2009, enquanto eu ainda utilizava diariamente a Variant II – na época com 67 mil km, que resolvi procurar um carro mais novo, para poupar aquela minha relíquia da vida conturbada do trânsito de Porto Alegre. Estabeleci algumas características básicas que o carro que eu procurava deveria ter. Ar-Condicionado, direção hidráulica, motor maior que 1.0 e não mais do que 7 anos eram os critérios para a minha busca. Ah sim, e claro, o valor não deveria exceder os 20 mil reais. Como hoje é tão fácil procurar carro sem sair de casa, iniciei calmamente a busca pela internet, selecionava os que me interessavam e ia conferir pessoalmente. No início encontrei basicamente carros como o Clio e o 206, pelo estilo optei por dar preferência ao último, mas a cada um que olhava minha impressão do carro piorava. Todos tinham defeitos, forro descolando das portas, consoles arranhados ou reparos na pintura mal feitos, características de donos descuidados. Segui a tendência lógica e fui em busca de um Clio. Claro que neste meio tempo procurei carros zero kilômetros, os "populares", incentivado pelo meu pai. Mesmo sendo 1.0 fui ver um Gol na Guaibacar da Sertório, o atendimento foi bom, e até hoje lembro da surpresa do vendedor ao me ouvir perguntando sobre o Gol 1.0 16v. O vendedor tentou me contar uma história para me explicar o porquê que a VW acabou com o 1.0 16v. Lembro que foi algo baseado na potência EXCELENTE que este novo 1.0 tinha. Este motor, dizia o vendedor, é melhor que todos os motores 1.0 da concorrência. Não me convenceu! Gosto de motores 16v. Nesta ocasião não havia o Gol 1.0 disponível para test-drive, fiz no Fox, ainda era o primeiro Fox, com aquele painel horrível, e também 1.0. Achei o motor "meia-boca". Antes que me esqueça, o Gol 1.0, vulgo “completo”, que tinha AC, direção hidráulica, vidros elétricos, kit Trend, supercalotas - estas não poderiam faltar - sairia pela pechincha de 35 mil reais. Obviamente eu desisti.

Super-calotas do Gol - Fonte: 4.bp.blogspot.com


O painel do Fox - Fonte: Webmotors
 
Em outra ocasião recebi a dica de um amigo sobre uma loja de usados. Com o telefone em mãos liguei para o dono, e não é que eles tinham um Clio RT 1.6 16v, 2002/2003 recém entrando na loja? Fui olhar o carro, gostei, conversei com meu pai e fechei negócio. Começou a história...


O CARRO

Agora vamos ao que interessa, o carro em si. Este Clio modelo RT - Ranking Top – como diz a sigla, era a versão TOP, que no ano seguinte trocou de nome para Previlège. Este modelo tem AC, direção hidráulica, vidros dianteiros elétricos e Air-Bag para motorista e passageiro, ambos do tipo frontal. Possui ainda faróis de neblina dianteiros, e traseiro junto à sinaleira esquerda.

A ILUMINAÇÃO

Este ano/modelo foi o único que acrescentou ao RT o farol excelente do já extinto Clio SI. Um farol com lente elíptica para o faixo baixo e refletor para o alto, diferente dos outros modelos que utilizavam uma única lâmpada de dois filamentos - H4 - em um farol ainda com lente estriada e parábola lisa, de desempenho apenas razoável. A vantagem dos faróis com lente elíptica é a concentração da luz no local certo, além da ótima linha de corte. Por este motivo pude optar pela instalação do Xenon, nenhum ofuscamento - “glare” - ocorre.

Xenon com muito glare - Fonte: s-seriesforum.com

Xenon em farol projetor - corte definido - Fonte: blog.onexhid.com
Xenon no Clio

O farol do tipo projetor do Clio

AS RODAS E PNEUS

A primeira coisa que tive que fazer foi trocar os 4 pneus, pois três deles estavam ruins, e o que estava bom era de outro modelo. O tamanho original dos pneus - 175/65r14 - não mantive, optei por uns 185/60r14 para dar uma “encorpada” no carro. Algum tempo depois não me aguentei e resolvi deixá-lo com a minha cara, troquei as rodas, tirei as originais que pareciam florzinhas, e coloquei uma aro 15” da Kromma, cópia da TSW. Combinaram com o carro, e muito bem!

As rodas originais - "florzinhas"

As rodas 15" com pneus 195/50

O MOTOR

O excelente motor 1.6 16v denominado k4m na Renault não desaponta em momento algum, com ótimos 110cv, leva o carro de 0 à 100km/h em cerca de 11s, atingindo velocidade máxima de quase 200km/h e com consumo na cidade - no meu caso - de 10km/l. É um motor elástico, mais emocionante que muito “esportivo” por aí, porém, apesar de uma embreagem pesada, digna de carro com alma esporte, carece de um câmbio à altura, com engates longos, torna a condução um pouco mansa. Até hoje o imagino em um Track Day. Saudades!

O motor já com 80 mil km quando comprei, recebeu um tratamento, troca de correias e fluídos, a suspensão ganhou novos pivôs e barras axiais, e os freios uma limpeza. Com cerca de 90 mil km surgiu um ruído alto ao acelerar, lá se foram dois coxins.

O único problema recorrente que tive foi a queima de bobinas, crônico neste carro. Elas não sossegaram até trocadas as 4.  

Algumas peças que foram substituídas

SUSPENSÃO

Aos poucos fui modificando, alterando, personalizando. Uma das alterações que acho que além de embelezar o carro melhora a estabilidade é a suspensão, umas molas mais curtas - chamadas esportivas - foram um presente ao Clio. Optei pelas RedCoil, pois conhecia uma loja que as vendia em Porto Alegre, o que as fariam chegar rápido, além de poder pagar somente quando as recebesse. Encomendei as do Clio 1.0, pois já tinha observado em outros carros com as molas para 1.6 que a frente ficava alta em relação a traseira.
Sou obrigado a informar, as RedCoil rebaixam e mantém o conforto! Mas, também não mudam em nada a estabilidade, o carro permanece “molenga”, como se estivesse com as molas originais. Tudo isto porque estas molas não são do tipo progressiva, na realidade só possuem um coeficiente de rigidez menor, o que as torna mais comprimíveis, rebaixando o carro. Em relação as originais elas possuem o mesmo número de espiras e tamanho quando estão sem carga. Colocar 3 pessoas atrás, mais bagagem? Esquece, o paralamas engole a roda!

Molas traseiras Red Coil

A altura certa, dois dedos entre roda e paralamas

O SOM – Do barulho à música

Nada como um ronco, né? Pois é, uma surdina/silencioso do tipo turbinho resolve os seus problemas, correto? Errado! Aquelas coisas só duram uns três meses, logo oxidam, enferrujam, apodrecem e etc! Mas que o barulho fica bonito, ah, isto é verdade! Na realidade só não fica bom quando vamos para a estrada. Para uma viagem de 4 horas a 100km/h e 3000rpm, é bom não esquecer do paracetamol, ou se acaba com uma grande dor de cabeça ao som de vruuuuuuum!

O equipamento de som que equipa esta versão do Clio é bem completo, exceto por não ler mp3, mas considerando a idade do carro, compreende-se. O controle no volante, com as funções de volume, seleção de faixa e fonte é muito útil se você mantiver o cd player original, caso contrário, só estará lá de enfeite, a não ser que você tenha a paciência de adaptá-lo ou – bastante - dinheiro para comprar uma interface. No meu carro não aguentei muito tempo, comprei um Blaupunkt MP37 e substituí o original. Instalei um sub-woofer no porta-malas e um amplificador abaixo do banco do motorista. Depois de um tempo, sem muito espaço para malas, construí uma caixa moldada sob o banco do carona, um sub-woofer de 8” ficou com as tarefas abaixo dos 100Hz. Os falantes das portas e os tweeters do painel mative originais, trabalhando acima de 100Hz, davam conta do recado.

O som, combina com a iluminação do painel

OS DETALHES

Um adesivo aqui, uma tinta lá. Uma bandeira na grande frontal, uma seta indicando o guincho para casos de emergência, os faróis de neblina amarelos, quatro luzes de freio e rodas escuras, alguns detalhes que ajudam, não fazem falta se nunca os tiver, mas sente saudades quando vão embora.

Símbolo da Renault preto e bandeira da França
Faróis amarelos, me ajudaram na neblina certa vez
As rodas 15" escuras
Posando para a foto
Mais pose...

A CONCLUSÃO

Um ótimo conjunto, agrada aos olhos, ao bolso e ao ego. Um pena não haver um pós venda a sua altura e o brasileiro não dar o devido valor ao Clio. Enfim, é um carro que tinha tudo para ser um ótimo compacto no mercado, mas tornou-se em abril de 2008 apenas mais um popular 1.0 de 76cv, e agora sem AIR-BAG, nem como opcional. Ainda um bom carro, comparado à sua concorrência em sua nova proposta, mas que deixa saudades aos que andaram domando 110 cavalos franceses. Felizes dos que ainda os domam, desejo-os o melhor. Saudades do meu Clio.

Um comentário:

  1. Belo carro, tenho um Clio SI 2001, gostei muito destas neblinas amarelas do seu, sabe dizer encontro iguais ou similares?

    ResponderExcluir